
E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho (Jo 14,13).
Da Teologia Sistemática, de Wayne Grudem:
"É nítido que não significa simplesmente acrescentar a expressão 'em nome de Jesus' depois de cada oração, pois Jesus não disse: "Se pedirem alguma coisa e acrescentarem as palavras 'em nome de Jesus' após a oração, eu o farei". Jesus não está meramente falando de acrescentar determinadas palavras, como se fossem uma espécie de fórmula mágica que daria poder às nossas orações. [...]
Num sentido mais amplo, o "nome" de uma pessoa no mundo antigo representava a própria pessoa e, portanto, a totalidade do seu caráter. Ter "bom nome" (Pv 22,1; Ec 7,1) era ter boa reputação. Assim, o nome de Jesus representa tudo o que ele é, todo o seu caráter. Isso significa que orar "em nome de Jesus" não é só orar com sua autoridade, mas também orar de modo compatível com seu caráter, que verdadeiramente o represente e reflita o seu modo de vida e a sua própria santa vontade. Nesse sentido, orar em nome de Jesus se aproxima da idéia de orar "segundo a sua vontade" (1Jo 5,14-15)".
Por Lindiberg de Oliveira
O versículo citado no evangelho de João 14.13, é muito citado pelos teólogos da prosperidade. Muitos (ou se não todos), chegam a dizer que você vai ter tudo que pedir, se pedires em nome de Jesus. Mais ai vem a pergunta: Tudo que eu pedi em nome de Jesus eu recebi? A reposta mais coerente, é não. Pois nem tudo que pedi em nome de Jesus não recebi. E 100% das pessoas que eu perguntei responderam a mesma coisa, ou seja, "não!".
A questão é, Jesus fez declarações veementes a esse respeito no Novo Testamento, confira ainda: Mateus 21.22, 18.19, Marcos 11.24.
Se há tamanhas declarações, porque então existe enorme quantidade de orações não respondidas? Será que Jesus estava blefando? Qual é, portanto, a solução para esse problema de oração não respondida? Ao estudar cada um dos contextos que contém as promessas, aprendi alguns fatos que me ajudaram a entender o problema.
As declarações de Jesus, tomadas ao pé da letra, são irrealizáveis, de modo que precisamos buscar um significado por trás delas. Mas, por que são irrealizáveis? Ora, todos nós oramos muitas vezes com pedidos contraditórios, e Deus não pode responder ambos. Algum tempo atrás estava orando para que Deus me abençoasse com um "sim", para que eu fosse selecionado num emprego (o problema é que tinha que viajar), e ao mesmo tempo minha mulher, e algumas pessoas da minha igreja também oravam para que eu não partisse. Uma das orações o Senhor teria que responder com um "não", e evidentemente foi a minha.
Nas olimpíadas da Igreja Presbiteriana que ocorreu na minha cidade, onde igrejas de varias cidades vieram para competir, vários grupos de modalidades foram formados. Obviamente que todos oraram para que ganhassem, e logo, todos não poderiam vencer simultaneamente.
Há uma ilustração ainda mais contundente: Jesus não recebeu o que pediu no Getsêmani. E olha que ele nem precisava orar em nome de Jesus, pois Ele é o próprio Cristo. Ele pediu que se fosse da vontade de Deus, o poupasse do terrível sofrimento que o aguardava (Lc 22.42). O pior é que esse tipo de oração não é ensinado nos arraiais cristãos, muito pelo contrário, é ignorada pelos que se dizem seguidores de Cristo.
Um exemplo de pensamento dos líderes evangélicos de hoje é esse aí:
"Usar a frase 'se for da Tua vontade' em oração pode parecer espiritual, e demonstrar atitude piedosa de quem é submisso à vontade do Senhor, mas além de não adiantar nada, destrói a própria oração" R.R. Soares.
Esse é o pensamento daqueles que estão à frente dos evangélicos brasileiros, não é difícil descobrir porque a Igreja se encontra no presente estado.
Hoje somos ensinados a dar ordens a Deus como se Ele fosse nosso escravo ou nossa empregadinha. E caso não tenhamos nossas orações não respondidas é por que nos falta fé. Pergunto, será que faltou fé em Jesus?
Jesus é meu modelo de ser, e observando suas orações, vejo que Ele a usava como um período de comunhão com o Pai, para renovar-se na vontade de Deus, para pedir forças, para agradecer pelo mundo e para mencionar que seus amigos tinham necessidades. Era uma conversa, um diálogo, e não uma lista de compras.
O contexto de todos esse versículos citados sobre oração tem a sua totalidade em (1João 5.14) "E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve". Ou seja, nossas orações para serem respondidas têm que ser "segundo a sua vontade", sempre.
Fonte: Fé, Razão e Graça
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